As seguintes palavras de Allan Kardec justificam a necessidade de um estudo contínuo e sistematicamente organizado da mediunidade na Casa Espírita : Todos os dias a experiência nos traz a confirmação de que as dificuldades e os desenganos,com que muitos topam na prática do Espiritismo,se originam da ignorância dos princípios desta ciência [. . . ].Se bem cada um traga em si o gérmen das qualidades necessárias para se tornar médium,tais qualidades existem em graus muito diferentes e o seu desenvolvimento depende de causas que a ninguém é dado conseguir se verifiquem à vontade.As regras da poesia,da pintura e da música não fazem que se tornem poetas,,pintores,ou músicos os que não têm o gênio da alguma dessas artes. Apenas guiam os que as cultivam,no emprego de suas faculdades naturais.O mesmo sucede com o nosso trabalho.Seu objetivo consiste em indicar os meios de desenvolvimento da faculdade mediúnica,tanto quanto permitam as disposições de cada um,e,sobretudo,dirigir-lhe o emprego de modo útil,quando ela exista.
[...]De par com os médiuns propriamente ditos,há,a crescer diariamente,uma multidão de pessoas que se ocupam com manifestações espíritas.Guiá-las nas suas observações,assinalar-lhes os obstáculos que podem e hão de necessariamente encontrar,lidando com uma nova ordem das coisas,inicia-las na maneira de confabularem com os Espíritos,indicar-lhes os meios de conseguirem boas comunicações,tal o círculo que temos de abranger,sob pena de fazermos trabalhos incompletos.[...]A essas considerações ainda aditaremos outra,muito importante: a má impressão que produzem nos novatos as experiências levianamente de gerar ideias falsas acerca do mundo dos Espíritos e de dar azo à zombaria e a uma crítica quase sempre fundada.
De tais reuniões,os incrédulos raramente saem convertidos e dispostos a reconhecer que no Espiritismo haja alguma coisa de sério. Para a opinião errônea de grande número de pessoas,muito mais do que se pensa têm contribuído a ignorância e a leviandade de vários médiuns.Desde alguns anos,o Espiritismo há realizado grandes progressos:imensos,porém,são os que conseguiu realizar,a partir do momento em que tomou rumo filosófico,porque entrou a ser apreciado pela gente instruida.
Presentemente,já não é um espetáculo:é uma doutrina de que não mais riem os que zombavam das mesas girantes.Esforçando-nos por levá-lo para esse terreno e por mantê-lo aí,nutrimos a convicção de que lhe granjeamos mais adeptos úteis,do que provocando a torto e a direito manifestações que se prestariam a abusos.
Conceito,Objetivo,Pré-Requisito e Consequências Do Estudo da Mediunidade:
O Curso Estudo e Prática d Mediunidade ,realizado na Casa Espírita,é uma reunião privativa que prioriza a participação efetiva dos inscritos por meio de atividades grupais e plenárias.Tem como objetivo estudar de forma metódica,contínua e séria,a teoria e a prática da mediunidade,à luz da Doutrina Espírita e dos ensinamentos morais do Cristianismo.Os participantes do estudo da mediunidade devem ter concluido o Curso Sistematizado da Doutrina Espírita/ESDE,proposta da FEB ou cursos equivalentes.
O Estudo da Mediunidade tem ,segundo Kardec,as seguintes consequências:[...]provar materialmente a existência do mundo espiritual.Sendo o mundo espiritual formado pelas almas daqueles que viveram,resulta de sua admissão a prova da existência da alma e a sua sobrevivência ao corpo.As almas que se manifestam,nos revelam suas alegrias ou sofrimentos,segundo o modo por que empregaram o tempo de vida terrena;nisto temos a prova das penas e recompensas futuras.Descrevendo-nos seu estado e situação,as almas ou Espíritos retificam as ideias falsas que faziam da vida futura[...].Passando assim a vida futura do estado de teoria vaga e incerta ao de fato conhecido e positivo,aparece a necessidade de trabalhar o mais possível,durante a vida presente[...]em proveito da vida futura[...].A demostração da existência do mundo espiritual que nos cerca e de sua ação sobre o mundo corporal,é a revelação de uma das forças da Natureza e,por consequência,a chave de grande número de fenômenos até agora incompreendidos,tanto na ordem física quanto na ordem moral.
(Este texto foi retirado do Programa Estudo e Prática da Mediunidade,página 15/16- Programa I / FEB)
Elucidações sobre a Mediunidade:
O Espiritismo,codificado por Kardec,veio à lume para nos dar uma explicação plena sobre esse processo de intercâmbio:
A mediunidade é o mecanismo de intercâmbio com os espíritos.A sensibilidade em relação a influência dos espíritos não é privilégio,fazendo-nos afirmar que todos nós somos portadores desta sensibilidade.
Já a mediunidade ostensiva,aquela em que ocorre a comunicação espiritual em toda sua plenitude,é direcionada a individuos com predisposição orgânica e espiritual a esse propósito.
Os relatos de ocor`rências de comunicações sob processo mediúnico são das mais remotas eras. O nosso conhecimento ocidental nos remete de imediato à nossa conhecida Bíblia.Mesmo com todas as adulterarações e interpolações,a Biblia ainda é um dos maiores repositórios de relatos de natureza moral,bem como de instruções para um despertar espiritual da humanidade.
No trabalho edificante de seus personagens,algumas passagens bíblicas nos deixam bem claro que,em alguns momentos,a relação entre os dois mundos se faz presente. Só que a denominação "mediunidade"não existia e nem existe na Bíblia.Até porque a palavra médium e mediunidade são palavras novas,usadas por Kardec para designar o fenômeno.Mas a fenomenologia,sim,é antiga,porém,sob outras denominações,como:profecia,feitiçaria,adivinhação,sortilégio,visões,carismas eutras tantas denominações.
A mediunidade foi proibida por Moisés em Deuteronômio(18:9-11)e Levítico (20:6)e consentida em Números (11:26-29)onde Eldade e Medade estavam profetizando no Arraial.Esta passagem nos faz crer que não era comunicação em si que Móises proibia,mas simos mecanismos ou talvez a seriedade com que se faziam as comunicações.Mais adiante,no Evangelho Segundo Mateus(12:2),temos a bela passagem da transfiguração de Jesus,que na presença dos apóstolos Pedro,Tiago e João,fez ocorrer ali um fenômeno de materialização.
Apesar do fenômeno mediúnico ser de conhecimento dos grandes iniciados do Oriente,somente no século XIX é que esse mecanismo foi mais bem explicado e popularizado para os ocidentais,através da codificação da doutrina espírita.
O Espiritismo,codificado por Kardec,veio à lume para nos dar uma explicação plena sobre esse processo de intercâmbio.Não havia,até então,uma explicação,mais convincente de como e por que se processara esse fenômeno.
estas comunicações,através das faculdades psíquicas humanas,geralmente eram atribuídas a pessoas especiais,dotadas de poderes sobrenaturais,à fenômenos demoníacos ou até mesmo à loucura.
Na idade Média,muitas pessoas foram levadas à fogueira em decorrência da mediunidade ostensiva. A personagem mais conhecida foi Joana D'Arc,que por ouvir vozes de espíritos,foi condenada a fogueira.
Quando estudamos a Espiritismo fazemos,geralmente,um estudo do mecanismo das manifestações,que se fizeram presentes na casa da familia Fox,na pequena aldeia de Hy-desville,nos Estados Unidos da américa,marco inicial do espiritualismo moderno,depois passado pelas mesas girantes,indo até a codificação feita por Kardec.Inclusive,vale ressaltar a coragem da menina Katie Fox em responder aos raps realizados pelo espírito do mascate Charlie Rosna.
Classificação mediúnica:
A codificação,fruto da observação das comunicações mediúnicas,nos deu as cinco obras básicas:
O Livro dos Espíritos / O Livro do Médiuns/ O Evangelho Segundo o Espiritismo/ O Céu e o Inferno e A Gênese.
Dos livros da codificação, o que destaca o estudo da mediunidade em toda sua plenitude é o LIVRO DOS MÉDIUNS. Nele,Kardec explica:
"Podem se dividir os médiuns em duas grandes categorias:
MÉDIUNS DE EFEITOS FÍSICOS: os que têm o poder de provocar efeitos materiais,ou manifestações ostensivas (questão nº160)
MÉDIUNS DE EFEITOS INTELECTUAIS: os que são aptos a receber e transmitir comunicação inteligentes.(questão nº65 e seguintes.)"
O Capítulo XVI de o Livro dos Médiuns destaca um capítulo inteiro- Dos Médiuns Especiais-detalhando os principais gêneros de mediunidade.
Sempre passando pelo crivo da razão,o conhecimento do mecanismo mediúnico faz com que possamos distinguir a comunicação anímica e de livre pensamento do espírito comunicante.
As informações pelo intercâmbio mediúnico contidas na codificação espírita são um convite à modificação moral de quem as estuda. A educação doutrinária espírita aliada à educação mediúnica faz com que o médium possa conhecer o seu papel,bem como as adversidades que possam advir através do compromisso mediúnico.Lembremos da máxima do Cristo:
"Muito se pedirá de quem muito recebeu." Mesmo assim,notamos também que entre os médiuns ostensivos existe ainda uma diferença no desenvolvimento dessa faculdade.
Encontramos médiuns como se fossem missionários,e vale ressaltar que estes são poucos. A maioria possui a mediunidade com uma característica provacional,que na sua luta diária,à serviço do bem,através da prática da caridade gratuita,tenta se refazer do seu passado,onde em algum momento de sua existência o livre-arbítrio lhe fez algoz. Há outros,ainda,em que a mediunidade se apresenta de forma expiatória,que,na dificuldade de assimilar o compromisso adrede assumido,sofrem com os distúrbios sensitivos,fazendo com que a mediunidade desresgrada os levem a sofrimentos atrozes,chegando ,alguns,até mesmo a serem internados em manicômios.
Deveriamos considerar a mediunidade além do compromisso cármico:também é um compromisso social,onde o trabalho à serviço do Bem pode minimizar a dor de quem busca socorro nas casas espíritas.
(Texto extraido da Revista Cristã de Espiritismo / Codificação,por Francisco De Assis Sousa- Ano 12 /Nº101).
Médiuns sensitivos,ou impressionáveis:
Chamam-se assim às pessoas suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos por uma impressão vaga,por uma espécie de leve roçadura sobre todos os seus membros,sensação que elas não podem explicar. Esta variedade não apresenta caráter bem definido.Todos os médiuns são necessariamente impressionáveis,sendo assim a impressionalidade mais uma qualidade geral do que especial.é a faculdade rudimentar indispensável ao desenvolvimento de todas as outras.Difere da impressionabilidade puramente física e nervosa,com a qual preciso é não seja confundida,porquanto,pessoas há que não têm nervos delicados e que sentem mais ou menos o efeito da presença dos Espíritos,do mesmo modo que outras,muito irritáveis,absolutamente não os pressentem.
Essa faculdade se desenvolve pelo hábito e pode adquirir tal sutileza,que aquele que possui reconhece,pela impressão que experimenta,não só a natureza,boa ou má,do Espírito que lhe está ao lado,mas até a sua individualidade,como o cego reconhece,por um certo não sei quê,a aproximação de tal ou tal pessoa.Torna-se,com relação aos Espíritos,verdadeiro sensitivo.Um bom Espírito produz sempre a impressão suave e agradável: a de um mau Espirito,ao contrário,é penosa,angustiosa,desagradável.Há como que um cheiro de impureza.
(Texto extraido do Livro dos Médiuns/ Allan Kardec- Capitulo XIV-item 164)
Médiuns Falantes- Psicofonia:
"Os médiuns audientes,que apenas transmitem o que ouvem,não são,a bem dizer,médiuns falantes.Estes últimos,as mais das vezes,nada ouvem.Neles,o Espírito atua sobre os orgãos da palavra,como atua sobre a mão dos médiuns escreventes. Querendo comunicar-se,o Espírito se serve do órgão que lhe depara mais flexível no médium.
A um,toma da mão:a outro,da palavra;a um terceiro do ouvido.O médium falante geralmente se exprime sem ter consciência do que diz e muitas vezes diz coisas completamente estranhas às suas ideias habituais,aos seus conhecimentos e ,até,fora do alcance de sua inteligência.
Embora se ache perfeitamente acordado e em estado normal,raramente guarda lembrança do que diz.(...)"
O Livro dos Médiuns,questão nº166.